segunda-feira, 15 de julho de 2019

Dia do Arciprestado da Sertã - “Todos, Tudo e Sempre em Missão”



Neste domingo, 14 de Julho de 2019, realizou-se o “Dia do Arciprestado da Sertã”. Este Arciprestado abrange todas as Paróquias dos concelhos da Sertã, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila de Rei. Como se tem feito nos últimos anos, voltamo-nos a encontrar. Desta vez foi no Seminário das Missões de Cernache do  Bonjardim. Mais de mil pessoas estiveram presentes. Quase todos os padres e diáconos estiveram presentes. D. Antonino Dias participou e presidiu à Eucaristia.
O acolhimento iniciou às 10 horas. Fez-se uma oração durante quinze minutos. A partir das 10,45 horas os sacerdotes atenderam em confissão os que quiseram, debaixo das sombras das árvores, enquanto os diáconos permanentes orientaram a Adoração ao Santíssimo.
Ao meio dia deu-se início à celebração solene da Eucaristia. Porque estamos a viver o Ano Missionário, a Missão foi o tema do dia e desta celebração. O lema era: “Todos, Tudo e Sempre em Missão”.  D. Antonino ressaltou a necessidade dos jovens atenderem ao apelo do Papa Francisco, de saírem dos sofás e fazerem ruído testemunhando a sua fé. A Missão leva-nos a sermos próximos dos outros, como o bom samaritano. Nós não somos “cristãos e missionários”, somos “cristãos missionários”, só temos uma tarefa: sermos cristãos!
Depois dum almoço partilhado, pelas 15 horas ouvimos o testemunho do padre Farias, Missionário da Boa Nova, vindo de Cucujães; da irmã Emília, das Franciscanas Missionárias de Maria, vinda de Vila de Rei; e do padre Luís Bairrada, do Preciosíssimo Sangue, vindo de Proença-a-Nova. O primeiro sublinhou que ser padre ou irmã consagrada é ser pai e mãe. Só dão bons padres e boas religiosas aqueles  que têm vocação para serem pais. É urgente a missão. A irmã falou do seu serviço com toxicodependentes como sendo de proximidade com quem precisa. O último sublinhou que o Missionário é generoso e disponível, nunca diz não aos apelos missionários.
Às 16 horas deu-se início a um concerto musical com o grupo “Discípulos de Fátima”, provenientes da Paróquia de Fátima. Usam tons modernos e populares para falarem de Deus, de Jesus e de Maria. Encantaram os participantes neste Dia do Arciprestado. Pelas 17,30 deu-se por encerrada esta actividade arciprestal.

domingo, 16 de junho de 2019

AREIAS NO SAPATO E PEDRAS NA MÃO




Embora fosse no antigamente, às vezes vem-me ao toutiço!...Sou do tempo do Senhor Chaves! O Senhor Chaves era quem, lá no sítio, até ao 25 de abril, aplicava a lei da rolha. Quando eu trabalhava na redação de um jornal diário, um telefonema do Senhor Chaves, quase sempre ao fechar do jornal, já paginado e pronto, pela madrugada, era o cabo dos trabalhos. Havia que refazer, àquela hora, o trabalho feito e pronto para imprimir. Artigos ou discursos que chegavam por telex, parte ou linhas de outros textos, isto ou aquilo, não podiam ser publicados, eram ordens a ter de cumprir.
 Há mais de 60 anos que a necessidade da construção da Barragem do Pisão, no Crato, é tema de debate e reivindicação. Valores mais altos se têm alevantado, não só porque, de facto, não se pode dar resposta a tudo, mas também porque, embora se reconheça e anuncie o que é mais importante e necessário, quando chega a hora da verdade, os decisores vão optando pelo que é mais conveniente em função de outros interesses e objetivos a alcançar. O histórico desta obra julgada como muito importante, está cheio de momentos de entusiasmo, de reconhecimento da sua valia, de debates sobre o desenvolvimento do Alto Alentejo, de promessas de ocasião. Os primeiros estudos datam de 1957. Já nessa altura foi tida como importante para a valorização do Alto Alentejo. Sentia-se como necessário armazenar os caudais da ribeira de Seda. Nestes tempos que são os últimos, e pelo que li, a Barragem já foi anunciada por três primeiros-ministros, Mário Soares, António Guterres e Durão Barroso. Porque vamos sendo habituados a ouvir bons propósitos sem quaisquer consequências, quando, de facto, há decisão mais determinada e firme, vai-se acreditando com medo de acreditar. Gato escaldado de água fria tem medo, costuma dizer-se. Agora, porém, como garante de que a Barragem vai mesmo sair do fundo da gaveta, há dias, no Crato, marcaram presença o Ministro Adjunto e da Economia, o Ministro do Planeamento, o Ministro da Agricultura e Florestas e Desenvolvimento Rural, o Secretário de Estado do Ambiente e o Secretário de Estado da Valorização do Interior. Se alguns estudos já se fizeram, outros têm sido feitos sobre as vertentes da rega, do abastecimento público e da criação de uma central mini-hídrica. Ultimamente, todos os grupos parlamentares consideraram a Barragem do Pisão como obra prioritária e recomendaram a inclusão do projeto nas prioridades de investimento no Plano Nacional de Regadio e no Programa Nacional para a Coesão Territorial. Deputados, Autarcas e instituições ligadas ao desenvolvimento do território e da agricultura, não têm desistido de, ao longo dos tempos, se baterem pela importância e concretização da mesma. Embora não seja a solução para todos os problemas, sempre foi considerada por todos como um “projeto hidroagrícola estruturante”, “uma aposta séria”, “um investimento prioritário”, “uma lufada de ar fresco”, pois, para o desenvolvimento do Distrito e a economia do território “não há alternativa”, não é a simples paisagem “que vai atrair pessoas”. Um grupo de trabalho constituído por gente de vários saberes, instituições e áreas de intervenção, voltou a apontar, recentemente, a Barragem do Pisão “como fundamental para estimular o desenvolvimento económico e sustentável da área de influência do projeto”. Apoiado em tal estudo, o atual Governo determinou o início dos trabalhos para a concretização da Barragem do Pisão que envolvem, desde já, a elaboração de estudos e projetos que são muitos, são complexos e variados, sem esquecer, como é evidente, a componente ambiental, o realojamento da população do Pisão e a rede de regadio. O investimento total já está estimado, mas decomposto por várias componentes, sendo a mais significativa a componente da produção elétrica, aquela que também terá mais retorno. Segundo aqueles que gostam de fazer previsões do resultado antes do jogo ter acabado, serão criados centenas de postos de trabalho diretos. Foi bonito ouvir falar de tudo isso. Estas coisas, aliás, são sempre bonitas, muito mais bonitas quando alimentam a esperança de que, na verdade, irá haver consequências. E a mensagem passou, houve alegria e palmas, palmas e alegria a encher a Praça de contentamento e de esperança. Os Senhores Presidentes das Câmaras Municipais do Distrito, os Senhores Deputados, as instituições afins e muitos outros homens e mulheres, toda a gente ficou esperançada que sim, que agora vai mesmo. Até se avançou com um prazo possível para que a Barragem comece a encher.
Para reforçar a esperança destas terras e desta gente, três dias mais tarde, em 10 de junho, em Portalegre, o Senhor Presidente das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, para além de outras coisas interessantes que afirmou, reclamava, em nome desta sua terra, «alguma coisa em que acreditar». O Senhor Presidente da República também, para além do mais que disse, afirmou que «um 10 de Junho em Portalegre (...) tem de ser um compromisso de futuro para com esta terra e para com esta gente». Após o desfile das Forças Militares em parada e de tantos instrumentos de guerra a passar, terminaram as comemorações do Dia de Portugal em Portalegre. Ao desfazer da festa, aproximei-me, respeitosamente, do Senhor Primeiro Ministro para o cumprimentar. O Senhor Primeiro Ministro logo me arremessou, sem mais, com ar sombrio e tom seco, que os Primeiros Ministros não são todos iguais. E repetiu, e voltou a repetir. Porque surpreendido, e gente se apercebeu deste momento de tensão inesperada e a despropósito, com delicadeza lhe retorqui que não estava a perceber. Não demorou em dizer que ouvira o que eu disse sobre a Barragem do Pisão. E em andamento, reiterou, para que de novo eu ouvisse, que os Primeiros Ministros não são todos iguais. Foi então que consegui ligar os fios à meada. O Senhor Primeiro Ministro, coisa que é normal pois nem sempre é possível agradar a todos, não gostara do que eu disse, na véspera, a uma rádio, perante a insistência duma jornalista que não despegava. E eu, tentando lembrar o que é que tinha dito, acho que disse pouco e apenas o óbvio, mas identificando-me com os anseios desta gente que muito respeito, admiro e estimo, como estimo, admiro e respeito os seus autarcas e políticos e todas as instituições e gente que se batem por esta e outras causas tidas como essenciais para o desenvolvimento do território e a qualidade de vida das pessoas. Confesso que, perante a insistência do Senhor Primeiro Ministro em dizer que os Primeiros Ministros não são todos iguais, fiquei deveras convencido que o Senhor Primeiro Ministro tinha razão, os Senhores Primeiros Ministros não são todos iguais!...
Peço desculpa pelo desencanto! Que a Barragem nasça e cresça!...

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 14-06-2019.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

"A BOA POLÍTICA ESTÁ AO SERVIÇO DA PAZ"




Dentro da oitava do Natal, celebramos a Festa da Sagrada Família. Logo a seguir, no primeiro dia do ano, a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e o Dia Mundial da Paz. Foi grande a participação de Maria no mistério da salvação. Exaltamos a sua singular dignidade, renovamos a adoração ao Menino “Príncipe da Paz” e imploramos o dom da paz.
O Papa Francisco, na sua Mensagem para este Dia Mundial da Paz, sob o tema: “A boa política está ao serviço da Paz”, torna presente as “bem-aventuranças do político”, uma proposta do Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan que foi prisioneiro no regime comunista durante 13 anos, alguns meses dos quais confinado numa cela minúscula, sem janela, úmida, tendo de passar horas com o rosto enfiado num pequeno buraco no chão para conseguir respirar, a cama era coberta de fungos, 9 anos foram de total isolamento, faleceu em 2002:

1.     Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
2.     Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
3.     Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
4.     Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
5.     Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
6.     Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
7.     Bem-aventurado o político que sabe escutar.
8.     Bem-aventurado o político que não tem medo.

Citando Paulo VI, Francisco reafirma que «tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».
E termina a sua Mensagem, que convido a ler na íntegra, afirmando que “a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária:
– a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
– a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo;
– a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro”.
Toda a família, qual Família de Nazaré, continua a ser o lugar por excelência da manifestação de Deus, o local onde Jesus continua a ser gerado, acolhido e transmitido de geração em geração. É também o primeiro espaço onde se educa para a verdadeira paz. Na pastoral da criança que a Conferência Episcopal do Brasil propõe, constam dez mandamentos para que, na família cristã, as crianças experimentem e sejam educadas para a verdadeira paz:

01.    Tenha fé e viva a Palavra de Deus, amando a sua família como a si mesmo.
02.    Ame-se, confie em si mesmo e na sua família, ajude a criar um ambiente de amor e de paz ao seu redor.
03.    Reserve momentos para brincar e se divertir com a sua família, pois a criança aprende brincando e a diversão aproxima as pessoas.
04.    Eduque o seu filho na conversa, no carinho e no apoio. Tome cuidado: quem bate para ensinar está a ensinar a bater.
05.    Participe com a sua família da vida na comunidade, evitando as más companhias e diversões que incentivam a violência.
06.    Procure resolver os problemas com calma e aprenda com as situações difíceis, buscando em tudo o seu lado positivo.
07.    Partilhe os seus sentimentos com sinceridade, dizendo o que pensa e ouvindo o que os outros têm para dizer.
08.    Respeite as pessoas que pensam de forma diferente, pois as diferenças são uma verdadeira riqueza para cada um e para o grupo.
09.    Dê bons exemplos, a melhor palavra é o nosso jeito de ser.
10.    Peça desculpa quando ofender alguém e perdoe de coração quando se sentir ofendido: o perdão é o maior gesto de amor que podemos demonstrar.

Na celebração do Dia Mundial da Paz, torna-se presente a bênção própria da liturgia judaica ainda hoje em uso. Ao iniciar o Novo Ano, ela expressa as bênçãos que o Senhor - e a Igreja - a todos nos endereça:
 “O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz” (Num 6, 25-26).

Antonino Dias
Portalegre-Castelo Branco, 28-12-2108.